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Pessoas não respeitam as ciclovias em São Paulo, diz dinamarquês

Aos dez anos, Jimmy Olsen, 36, já pedalava para ir à escola. Desde então, a bicicleta sempre foi seu meio de transporte principal, assim como o da maior parte dos cidadãos da cidade onde nasceu: a capital mundial da bicicleta, Copenhague.

Há quatro anos em São Paulo, Jimmy seguiu com o hábito. De casa, no Sumarezinho (zona oeste), para o trabalho, no consulado da Dinamarca (nos Jardins), ele sempre preferiu pedalar.

Na sexta-feira, a convite da Folha, ele percorreu de bicicleta a ciclovia do centro, que faz parte da primeira leva implantada pela gestão Fernando Haddad (PT). Leia seu relato abaixo.

As Ciclovias»

Fabio Braga/Folhapress
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Carro da Guarda Municipal Metropolitana invadem a ciclovia no largo do Arouche

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Desrespeito

As pessoas não respeitam [a ciclovia]. Vários pedestres paravam em cima ou caminhavam por ela. Carros invadiam ou paravam em cima, esperando para entrar em garagens. Tive que ultrapassar fora da faixa ou esperar.

Em uma parte, três pessoas conversavam na via. Fizeram piada: "é a segunda bicicleta hoje". Foi engraçado, mas parece que estão pensando: "bicicleta, mas o que é isso?"

Três ciclistas pegaram a contramão. Uma moto ultrapassou os carros usando a ciclovia. Mas não senti uma atitude hostil dos motoristas, ao contrário. Quando viam a uma bicicleta, eram mais respeitosos do que agressivos.

Em Copenhague, são os ciclistas que ficam agressivos, é quase uma guerra. Não respeitam sinais, pedalam na calçada. Lá é a cultura da bicicleta, ela é quem manda.

Estrutura

Acho que ainda não tem estrutura, é só um começo. Uma parte da ciclovia acabou numa rua e tive que pedalar entre os carros. Num dos primeiros trechos, na Barra Funda [zona oeste], faltavam alguns semáforos para ciclista. Foi confuso, eu não sabia quando podia voltar a pedalar.

O espaço para uma bicicleta é suficiente por enquanto. Mas, quando mais bicicletas chegarem, não vai dar para ultrapassar. Aqui a ciclovia é de mão dupla. Em Copenhague só tem mão única.

Cultura

Eu me senti seguro, porque tenho experiência. Para quem não tem, é perigoso. Ainda não vou deixar minha filha andar aqui. São Paulo não tem uma cultura da bicicleta.

Acho bom que começou, foi bem feito. Mas ainda tem muita coisa a fazer. Acho que vai demorar para a bicicleta se tornar um meio de transporte, mas estou vendo cada vez mais pessoas usando.

Região da República

Foi interessante passar por ali, fui em muitos lugares que não conhecia. Andar de carro [na região central] é ruim demais. De bicicleta dá para ver muita coisa, é mais fácil de acessar os lugares. Achava o centro meio sem graça, agora achei muito mais interessante.

Entregas de bicicleta

Nessa ciclovia do centro, os ciclistas estavam meio devagar. É normal, porque a maioria estava carregando coisas. Mas também não seria justo comparar, porque eu já ando de bicicleta há mais de 30 anos, ando meio rápido.

Normalmente pedalo por aqui a 20 ou 30 km/h, em Copenhague, a 30 km/h.

Tínhamos entregas de bicicleta na Dinamarca. Os supermercados entregavam em casa, mas hoje tem pouco. 

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