21:00:51 Investimento deve diminuir em 2015 para evitar o crescimento da dívida | |
São Paulo - As grandes empresas de papel e celulose do Brasil devem diminuir o ritmo de investimentos no ano que vem após quatro anos de aposta na construção de novas fábricas. O foco agora deve ser a contenção da dívida contraída para pagar toda essa expansão.
A Suzano investiu R$ 1,9 bilhão em uma nova planta que entrou em funcionamento no final do ano passado em Imperatriz, Maranhão. Ao longo de 2014, a empresa se focou em diminuir o endividamento e reduziu em 28,7% seus investimentos na comparação dos primeiros nove meses do ano passado com o mesmo período deste ano.
"A entrada em operação da nossa planta no Maranhão está permitindo uma gradativa desalavancagem da empresa, o que está sendo nosso principal foco ao longo deste ano", afirmou em teleconferência a analistas o presidente da Suzano, Walter Schalka.
A Fibria aumentou o investimento na comparação dos primeiros nove meses do ano passado com o mesmo período deste ano em 23,6%. Essa alta é explicada pelo incremento de gastos com manutenção de florestas e não para aumento ou construção de novas unidades. A empresa não planeja grandes investimentos para 2015, que deve ser um ano marcado pela redução do endividamento e pelo planejamento para os próximos anos.
"O foco neste momento é fortalecer o balanço como estamos fazendo e voltar a ter opções, além de estarmos preparados para eventuais rodadas de fusões e aquisições (...) e retorno a acionistas", disse o presidente da Fibria, Marcelo Castelli.
Sobre o plano de ampliar a fábrica em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, o executivo da Fibria afirmou que a diretoria descarta a chance do projeto não ser implementado.
"Não é uma questão de se vai ou não vai, mas de quando", disse Castelli, destacando que uma decisão deve ser tomada até o início de 2015.
O projeto - uma nova linha de celulose com capacidade para 1,75 milhão de toneladas por ano - tem previsão de iniciar as obras no final de 2016.
A Klabin segue um pouco na contramão da tendência da Fibria e da Suzano porque seu investimento cresceu quase três vezes nos primeiros nove meses do ano em decorrência da alocação de recursos no projeto Puma, uma nova fábrica de celulose na cidade de Ortigueira, no Paraná.
As obras do Projeto Puma atualmente contam com mais de 5 mil pessoas trabalhando no local e desde o início de 2013 foram desembolsados R$ 1,57 bilhão em sua execução. Até setembro deste ano, a empresa investiu R$ 2,09 bilhões e, desse total, aproximadamente 70% foram alocados na conclusão da nova fábrica que deve entrar em funcionamento no início de 2016.
A alavancagem da Klabin, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, atingiu 2,4 vezes ao final do terceiro trimestre deste ano, com uma dívida líquida total de R$ 4,028 bilhões. Diante do endividamento, o diretor-geral da companhia, Fábio Schvartsman, revelou que projetos de expansão serão praticamente "interrompidos em 2015 e retomados somente após a conclusão do Projeto Puma, previsto para março de 2016".
Insumos
A construção de novos projetos das empresas de papel e celulose está beneficiando outros setores da indústria. Fornecedores de insumos químicos estão aumentando investimentos para dar sustentação à alta na produção gerada pelas novas unidades.
A Solenis, por exemplo, está investindo em suas plantas no Brasil. Até o final de 2014, a empresa concluirá a construção de dois novos reatores em suas plantas de Leme e Paulínia, ambas no interior do Estado de São Paulo. A companhia pretende ainda construir mais um novo reator em Paulínia no ano que vem. "Nós fornecemos não só produtos químicos, mas principalmente soluções que visam otimizar o funcionamento de toda a produção. Dessa forma, queremos reforçar nossa posição em papel e celulose aproveitando a entrada em funcionamento das novas plantas das principais companhias do setor. Há espaço para crescer nesse cenário", afirmou John Panichella, CEO da Solenis. | |
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