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18:02:04
Carros com mais de 20 anos são responsáveis por 45% da poluição do ar em SP

Qualidade do ar atmosférico no Estado é 2,5 vezes pior do que a recomendada pela Organização Mundial de Saúde, da ONU

Quase a totalidade dos poluentes atmosféricos no Estado de São Paulo é proveniente dos escapamentos. Unidade federativa mais rica e populosa do País, São Paulo possui um total de 9,8 milhões de veículos particulares e 1,9 milhão de comerciais leves em circulação. Destes, 12% têm ao menos 20 anos de uso e são responsáveis por aproximadamente metade das emissões dos principais poluentes no ar paulista.
 
Paulo Lopes/Futura Press
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É o que mostra um estudo divulgado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Batizado de Emissões Veiculares no Estado de São Paulo 2013, o relatório afirma que 12% dos automóveis em circulação em território paulista são responsáveis pela emissão de 45% de alguns dos principais poluentes que afetam a qualidade do ar. Eles emitem taxas superiores de monóxido de carbono (CO) e de hidrocarbonetos não-metano (NMHC) do que outros mais novos.
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"A situação é muito grave. Somente em 2011, 17 mil pessoas morreram em decorrência de doenças causadas pela poluição", afirma a Dra. Evangelina Araújo Vormittag, médica especialista em Patologia Clínica e Microbiologia e diretora do Instituto Saúde e Sustentabilidade, responsável por elaborar estudos que mostram o impacto da poluição nas grandes cidades e por incentivar ações que contribuam para mudanças. "Os números provam que esses veículos mais antigos têm de ser retirados de circulação por meio de políticas que estimulem seus proprietários a fazerem suas trocas. É a única forma de mudar essa realidade."
Apesar de não figurar entre os maiores poluídores do ar quando comparado a outros locais – China, EUA, Comunidade Europeia e Índia estão no topo da lista –, o Brasil, assim como o Estado de São Paulo, segue em situação preocupante no quesito.
Atualmente, a média de níveis de poluição no Estado é 2,5 vezes superior à estabelecidada pelo órgão de saúde da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com Evangelina, todas as cidades paulistas sem exceção emitem mais poluentes do que a máxima estabelecida pela OMS.
"Devido a isso temos uma série de casos de pessoas com doenças respiratórias diretamente relacionadas com a má qualidade do ar, como asma, bronquite, pneumonia, além dos problemas cardiovasculares e isquêmicos, como infarto do coração e derrame", diz a especialista, ressaltando a maior prevalência desses problemas em crianças e idosos.
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"A poluição é também líder ambiental em casos de câncer, como de pulmão e de bexiga. Isso significou 95 mil mortes entre 2006 e 2011 e de 65 mil internações só em 2011, ano em que foram gastos R$ 265 milhões em Saúde com a questão. Número muito maior do que se gastaria para amenizar o problema da poluição, pois qualquer medida aplicada tem efeito imediato na qualidade do ar."
Além dos automóveis e veículos comerciais leves, o Estado tem em circulação 2,6 milhões de motocicletas e 540 mil ônibus e caminhões, totalizando uma frota de 14,8 milhões. Segundo o estudo, os veículos automotores totalizaram a emissão de 41 milhões de toneladas de gases de efeito estufa somente em 2013.
Inspeção veicular
Os números são divulgados um ano depois de ter sido suspensa a inspeção veicular ambiental na capital paulista, após o encerramento do contrato com a empresa Controlar, que realizava o trabalho desde 2008. Ainda não há previsão para a volta dos serviços.
Em nota enviada ao iG, a Prefeitura afirma que a "licitação para contratar até quatro novas empresas para fazer a inspeção veicular, que serão distribuídas por região, está em curso e aguarda aprovação do Tribunal de Contas do Município".
O governo municipal também ressalta ter conseguido no Tribunal de Justiça do Estado a aprovação de novas regras para a inspeção, segundo as quais veículos com até três anos de fabricação ficarão isentos de realizar o procedimento, exceto quando movidos a diesel. A regra também estipula a inspeção em automóveis de outros municípios que circulem na cidade por mais de 120 dias, a fiscalização anual de carros após dez anos de uso e isenção de pagamento de taxas para carros aprovados no procedimento.
As mudanças, no entanto, são vistas com ressalvas por Evangelina. "A lei anterior era mais rígida. Não faz sentido abrandá-la agora, se torna um retrocesso. É preciso que a inspeção volte de forma eficaz. Afinal, ela representa uma diminuição de 10% na emissão de poluentes, o que é muito: significa quatro mil internações a menos por doenças relacionadas à má qualidade do ar."
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