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Além do PR, refugiado com suspeita de ebola esteve em ao menos 2 Estados
Na terça-feira (7), o sempre sorridente Souleymane Bah, 47, estava especialmente feliz. Ao menos é o que expressavam as roupas de cores vibrantes que vestia. "São da África", explicou o guineano de 1,85 metro de altura.
Dois dias depois, Bah foi considerado o primeiro caso suspeito de ebola no Brasil.
Segundo a Polícia Federal, o imigrante chegou ao país pelo aeroporto de Guarulhos (SP) em 19 de setembro. No dia 23, foi à delegacia da PF em Dionísio Cerqueira (SC) para pedir refúgio. Ele tem autorização para ficar no país até 22 de setembro de 2015.
Ainda não se sabe por quais cidades ele passou em seu trajeto até o Sul do país.
Já em Cascavel, um dia após pedir o refúgio, Bah solicitou uma carteira profissional na delegacia do Ministério do Trabalho. Ele ficou hospedado do dia 21 de setembro até quarta (8) no albergue noturno André Luiz, de uma entidade filantrópica espírita.
O local, aberto em 1967, oferece a brasileiros e estrangeiros hospedagem, alimentação, banho e ajuda com documentação para emprego.
A região de Cascavel é um destino conhecido de haitianos e, mais recentemente, de africanos, que buscam trabalho em frigoríficos.
Há um ano o albergue tem recebido africanos refugiados, segundo a psicóloga Fabiane Fauth Ferreira, 37. A comunicação é difícil, já que ninguém fala francês e inglês.
Ferreira diz que, assim como os demais africanos, Bah parecia alegre e saudável, e se alimentava bem.
Com ele, o idioma também era uma barreira. O guineano fala francês, muito pouco de inglês e uma língua que as funcionárias do albergue entendem ser nativa. A comunicação se dava basicamente por gestos.
Apesar disso, ele era gentil, segundo a psicóloga. "Ele passava e dizia: 'Bonsoir, mademoiselle', e abria o sorriso", conta, citando o cumprimento em francês.
Na ficha de inscrição, consta que o guineano é casado e tem dois filhos. Apenas no dia 29 Bah pediu ajuda à psicóloga. Com um dicionário de francês em mãos, ela compreendeu que ele pedia para ir ao médico. "Ele apontava a língua e a barriga. Não fez nenhum sinal indicando febre".
Ela a orientou a buscar a unidade de saúde mais próxima, mas não sabe se Bah de fato esteve lá. O último dia que o paciente dormiu no albergue foi na quarta-feira.
Somente pela TV, no dia seguinte, a direção e os funcionários tiveram notícias dele, já com suspeita de ter ebola.
A notícia trouxe junto o preconceito, segundo a presidente da entidade, Tereza Cristina Neppel, 62. Ela diz ter visto moradores da cidade olhando diferente para os estrangeiros. "Eles mesmo estão mais retraídos."
Mamadou Dian Balt, El-Hady Boubacar Barry e Mamadou Gueye, todos da Guiné, se surpreenderam ao saber que o conterrâneo com quem dividiram o quarto pode ter o vírus. Os três contaram que saíram com papeis do país natal que atestavam ausência de sintomas.
O brasileiro Wallison Novaes Ramos, 18, também albergado, disse estar preocupado. "Fiquei aqui uns 20 dias com ele. Eu o cumprimentava, o abraçava e ele me dava coisas pra comer. E se eu cair doente também?"
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